Um grupo composto por cerca de 80 pessoas tentou ocupar a sede da Fazenda Santa Clara, a 260 quilômetros do centro urbano de Marabá, sudeste paraense, na manhã do último domingo (10).
Um Boletim de Ocorrência foi registrado pelo gerente da fazenda, Juraci Ferreira dos Santos, na Delegacia de Polícia Civil de Parauapebas, por ser mais próximo da sede da fazenda.
A informação era de que a Fazenda Santa Clara estaria sendo invadida por cerca de 80 pessoas, entre elas 30 homens armados e encapuzados. Ainda havia notícia de que os funcionários da propriedade rural estariam sendo mantidos como reféns.
De imediato as duas equipes da Deca de Marabá, com o apoio de mais duas Equipes da Superintendência Regional e da 20ª Seccional de Parauapebas se deslocaram até a área onde ocorria o conflito Agrário.
Segundo o delegado Waney Alexandre, chegando ao local foi constatada a ocupação da Fazenda Santa Clara, porém já não existiam pessoas mantidas em cárcere privado.
Após varredura na área, onde foram encontrados uma balaclava e material utilizado na carga de espingarda, os policiais começaram a negociar com os integrantes do movimento. Depois de quatro horas de mediação, os policiais explicando aos sem terra que eles estavam cometendo os crimes de esbulho possessório e desobediência, conseguiram convencê-los de retorná-los ao acampamento de origem deles, o Boa Esperança.
As equipes de policiais permaneceram no local até a desocupação plena da propriedade rural, além de escoltar os integrantes do movimento até o acampamento, garantindo assim a integridade física de todos.
HISTÓRICO
Desde 2016, a Fazenda Santa Clara vem sendo ocupada por integrantes do MST. Em 2018, foi objeto de cumprimento de dois mandatos de reintegração de posse, sendo uma em junho e outro em setembro.
ATAQUES
Na manhã desta segunda-feira (11), integrantes de um acampamento, próximo da Fazenda Marajaí, na zona rural de Canaã dos Carajás, estiveram na Deca de Marabá para denunciar que estão sofrendo ataques.
O presidente da Associação Conselho Comunitário Terra Para Paz, Teobaldo Barbosa do Nascimento, informou que os ataques são frequentes. “Lá está tendo quase todo tipo de agressão. Nós estamos plantando, eles vão e derrubam. Nós fizemos uma ponte e eles derrubaram. Até veneno jogaram na gente usando um avião”, denunciou.
Há nove anos cerca de 70 famílias ocupam a área que fica próximo da fazenda e a situação já vem sendo acompanhada pela Delegacia de Conflitos Agrários. “A situação da Marajaí é bem antiga e a gente vem recebendo relatos, tanto das pessoas do movimento, quanto dos funcionários da fazenda, como do próprio proprietário da fazenda”, informou o delegado Waney Alexandre.
O delegado disse ainda que os policiais da Deca estiveram há quatro dias na fazenda e intimaram todos os envolvidos para prestarem esclarecimentos sobre as situações e os relatos que recaem sobre as condutas praticadas por eles naquela área de conflito agrário.