Polícia Federal apreendeu 583 kg de cocaína dentro de uma fazenda do prefeito de Itaituba (PA), Valmir Climaco (MDB). Trata-se da maior apreensão da droga feita neste ano no Pará, rota para a Europa e para o Nordeste.
A operação ocorreu na tarde deste domingo (7). Após monitorar um voo suspeito, agentes da Polícia Federal chegaram à fazenda de Climaco, localizada às margens da rodovia Transamazônica (BR-230) e a cerca de 45 km de Itaituba. No momento, cinco homens estavam transferindo a droga para uma camionete.
Dois homens foram presos em flagrante e outros três conseguiram fugir. Além da cocaína, foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, munição e 200 gramas de skunk (maconha com maior concentração de THC), segundo a Superintendência da Polícia Federal no Pará. Havia dois aviões no local, um monomotor e um bimotor.
A apreensão representa pouco mais de um terço de toda a cocaína apreendida neste ano no Pará, em torno de 1,5 tonelada. A segunda maior apreensão, em maio, também ocorreu no oeste do estado. Itaituba, de cerca de 100 mil habitantes, é o maior centro de extração ilegal de ouro da Amazônia.
A fazenda de Climaco é reivindicada pela etnia mundurucu. No mês passado, segundo relatos feitos ao Ministério Público, ele disse em uma reunião que receberia “à bala” funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) caso eles tentassem entrar na fazenda para cadastramento e notificação dos moradores da área, delimitada por estudo prévio do órgão indigenista.
Climaco negou ter dito que atiraria nos funcionários públicos ou ter incitado outras pessoas a fazer o mesmo, mas confirmou que impediria a entrada da Funai na sua área.
“Eu disse na reunião que na minha propriedade não entra de jeito nenhum”, relatou Climaco na ocasião à reportagem.
O prefeito de Itaituba não foi preso em razão da apreensão de drogas no domingo. De acordo com a PF, por enquanto, a investigação não estabeleceu uma conexão entre a droga e o político.
Em entrevista por telefone à reportagem, Climaco negou qualquer relação com a cocaína e disse que o avião que transportou a droga é responsabilidade de um empresário identificado como Edson Wander Silva, que estava comprando um dos seus três garimpos de ouro. Ele seria de Santa Catarina.
De acordo com o prefeito, o preço da venda foi fechado em R$ 4 milhões e incluiu um dos aviões apreendidos, que teria sido dado de entrada. Ele afirmou que toda a transação está registrada em cartório e que seu advogado levantou informações sobre o comprador. “Não tinha processo, não tinha Serasa, não tinha nada.”
Climaco disse que, depois da transferência para o seu nome, na semana passada, o antigo dono pediu o avião emprestado para visitar o sogro doente.
“Pensei que ele estava viajando com o avião pra Manaus. Aí, quando foi no domingo à noite, a mulher do vaqueiro ligou dizendo que a PF tinha apreendido um bocado de droga, dois aviões, essa história que você já viu”, assegura Climaco. “Na segunda-feira de manhã, fui à PF contar essa história. Não tenho nada a ver com isso.”