Escritora participa de roda de conversa na 1ª Festa Literária de Marabá

Com sua fala mansa, seu jeito tímido e despojado, a escritora paraense Claudia Vidal cativou, na manhã desta quinta-feira (26), uma plateia de adolescentes agitados e entusiasmados da Escola Estadual de Ensino Médio Walkise Vianna, da cidade de Marabá. O encontro fez parte da última Roda de Conversa promovida pela Imprensa Oficial do Estado (Ioepa), na 1ª Festa Literária de Marabá, da 23ª Feira do Livro e das Multivozes, realizada pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

Entre diversos assuntos que Claudia Vidal abordou, a escritora falou sobre sua vivência como professora, suas memórias familiares, afetivas e amorosas, e o contato desde muito cedo com os livros, como as matrizes criativas de sua escrita. Dona de um humor muito delicado, espontâneo e sutil, ela envolveu a plateia com sua fala e narrou, entre outras coisas, o processo de seu primeiro livro “Réquiem Para o meu Amor”.

“Eu comecei a publicar e escrever com regularidade a partir dos 40 anos, embora escreva desde a infância. O ‘Réquiem…’ foi uma declaração de amor para um relacionamento que eu tive. Mostrei para um amigo e ele disse que eu devia publicar e me propôs um ensaio fotográfico em um cemitério. A foto da capa faz parte desse ensaio”, relatou a escritora.

Interessados em saber como começar a escrever e quais os meios de publicação, os alunos pediram para Claudia Vidal dicas e informações sobre como ela conseguiu editar seus livros. Ela falou sobre a possibilidade de inscrições em editais, em plataformas digitais da internet e ainda sobre a autopublicação usando pequenas gráficas e mesmo impressoras de uso pessoal.

“Mesmo as redes sociais podem ser usadas para a divulgação. Algumas dessas plataformas são gratuitas e outras podem render algum dinheiro com a venda, mas acho que esse não deve ser o objetivo principal de vocês. A arte da escrita deve ser uma coisa imprescindível para a vida; algo vital para quem escreve. O ganho financeiro deve ser uma consequência e não um fim”, opinou a autora.

Ao ser provocada para falar sobre as dificuldades que ela encontra como escritora, Claudia reafirmou a necessidade de se perder o medo e dar um “salto de fé” em direção ao ato da escrita. Para ela, a maior dificuldade é do autor com si próprio; é de acreditar que aquilo pode dar certo.

“A gente escreve porque somos ‘animais de linguagem’, como diz Paulo Nunes, e quem tem o hábito de ler muito, geralmente, tem o hábito de escrever muito. Então, temos de amadurecer esse momento no qual você olha e diz: ‘ah, isso aqui merece ser lido’ ou ‘pode ser que mereça ser lido’. Então, às vezes, para isso, é preciso dar esse salto de fé. Acho que essa é a maior dificuldade”, analisou Claudia Vidal.

Bloqueios e influências – A escritora falou ainda sobre o bloqueio criativo e a autocrítica excessiva como dificuldades encontradas pelos escritores. “Em algum momento, nós passamos por esses bloqueios. Eu escrevi uma história que recebeu uma menção honrosa e eu nem sabia o que era isso na época, era muito nova. Então, como eu não ganhei o concurso, eu coloquei fogo no livro e fiquei um bom tempo sem escrever nada. Outro bloqueio mais recente ocorreu porque eu achei que tudo o que eu escrevia era idêntico a outros escritores. Parei de novo de escrever por vários meses”, relatou.

Claudia citou ainda os autores nacionais e estrangeiros que a influenciam e sua busca por referências, que considera importante ser um exercício constante para a prática da escrita. Autores como Gabriel Garcia Marquez, Murilo Rubião, Walt Whitman e E.E. Cummings foram alguns dos exemplos que Claudia citou de suas principais referências. “Influências devem ser tomadas como inspirações para a vida”, opinou.

Momento de troca – Em suas considerações finais, Claudia Vidal fez questão de agradecer aos jovens pela atenção e pelos questionamentos feitos a ela, ressaltando que a Roda de Conversa foi um momento de troca, de aprendizado mútuo. Ela aproveitou e sorteou dois exemplares de seus livros “Escrevitos” e “Réquiem Para o meu Amor”.

“Ações como essas da Imprensa Oficial do Estado e da Festa Literária são importantes para os escritores, porque enfrentamos a dificuldade de distribuição de nossas obras e muitas vezes nos isolamos em nossos casulos. Ter a oportunidade de falar de nosso trabalho, para nós, escritores, é oportuno e necessário”, declarou Claudia Vidal.

Serviço: A 1ª Festa Literária de Marabá faz parte da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes e ocorre até o dia 29, das 10 às 22h, no Carajás Centro de Convenções, em Marabá. O estande da Ioepa oferece espaço lúdico para as crianças e vende lançamentos e livros do acervo da editora. O site da Imprensa Oficial do Estado é www.ioepa.com.br.

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