Em entrevista, presidente da Associação Comercial fala da economia de Marabá e sobre o Distrito Industrial

Nesta quarta-feira, 15, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Raimundo Nonato Araújo Júnior, participou do programa “Clube da Manhã”, na Rádio Clube AM de Marabá 770. Na oportunidade, ele foi entrevistado pelo comunicador Zeca Moreno a respeito do mundo empreendedor local, sobre o desenvolvimento da economia do município e em relação ao Distrito Industrial e perspectivas da retomada do funcionamento do polo guseiro de Marabá. Leia, a seguir, na íntegra a entrevista:

Zeca Moreno – Presidente, embora a economia, desde o ano passado venha apresentando um cenário de recuperação, no nosso universo marabaense ainda não temos isso muito visível. O que está faltando para Marabá?

Raimundo Nonato Araújo Júnior – Eu, como empreendedor, como empresário e também representante aqui do setor produtivo, acredito e posso garantir que o empresariado está bastante motivado para investir não só na economia de Marabá, mas em todo o cenário nacional. O País passou por um ano de arrumação das coisas e a gente acredita muito que o Estado, enquanto poder público, na esfera do governo federal e também do governo municipal, tem tomado medidas e efetuado ações que viabilizam o reinvestimento no setor produtivo, consequentemente trazendo geração de emprego e melhoria na geração de impostos, o que acaba se convertendo em benefícios para a comunidade com mais qualidade de vida.

Zeca – Nós sabemos que a Associação Comercial vem se empenhando em atrair investimentos para a cidade, mas sabemos também que sempre há um entrave aqui outro ali. Quais as dificuldades enfrentadas hoje para que a cidade, finalmente, possa voltar a liderar a região como já foi em outros tempos?

Raimundo Júnior – Hoje, com a gestão atual do governo municipal, nós percebemos que a cidade tem se apresentado como um grande canteiro de obras, atraindo investidores, fazendo com que os empreendedores que já estão no mercado reinvistam nos seus negócios, com lojas mais bonitas, com fachadas diferenciadas, trazendo mais conforto para a clientela. Eu acredito muito que, nesses últimos três anos a cidade melhorou bastante. Não só eu, como todos os que transitam por ela, percebem isso, o que tem feito com que a cidade se reerga com índices de crescimento elevados, porque Marabá é uma cidade que, mesmo em período de crise, nunca deixou de crescer. Pode até ter apresentado índices de crescimento um pouco mais tímidos, porém, num cenário como o de hoje, em que as coisas estão bastante organizadas no município, principalmente naquilo que depende do poder público, a gente percebe a cidade mais pujante com esses movimentos dentro do comércio, que são realizados às vezes até pela própria iniciativa isolada do comerciante, mas também com ações coletivas, como as que a Acim e o Conjove têm realizado, num calendário anual, como o Saldão de Aniversário, o Feirão do Imposto, o Liquida Geral e também com a nossa campanha que encerra o ano sempre, “Um Sonho de Natal”. Inclusive, no sábado [dia 11] nós fizemos a entrega dos prêmios dessa campanha, quando sorteamos um veículo zero quilômetro e mais 20 vales-compra de R$ 500,00 para o cliente e outros 20 para o vendedor da loja participante. Então, foram mais de R$ 60 mil sorteados, o que gerou uma distribuição de aproximadamente 325 mil cupons. Convertendo esses cupons em volume de negócios, a gente estima aí uma negociação superior a R$ 16 milhões impulsionados por essa Campanha “Um Sonho de Natal”. Então, a gente percebe o movimento do comércio crescente.

Zeca – Então, isso significa que a cada promoção as adesões vêm aumentando?

Raimundo Júnior – Exatamente. Nós estamos bastante orgulhosos nesse sentido porque os comerciantes têm entendido que, juntos, nós conseguimos fazer campanhas melhores, sermos mais fortes, sermos mais ouvidos, sermos mais representativos. Então, esse movimento de associativismo tem crescido. A Associação Comercial cresceu bastante nesse último ano também. Ela se apresenta com maior importância, com maior visibilidade, por meio de seus órgãos, como o Conjove, por exemplo. Estamos reimplantando o Conselho da Mulher Empresária neste ano de 2020 e temos também as Câmaras Setoriais, como a de Saúde, a dos Postos de Combustíveis e acreditamos que outras serão criadas nesse movimento de associativismo. Assim a gente tem certeza de que a cidade vai crescer muito mais rapidamente e o comércio vai se estruturar e se fortalecer ainda mais.

Zeca – No início do seu mandato o senhor manteve reuniões com setores do governo do Estado e com o presidente da Codec [Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado], Lutfala Bittar, para tratar de assuntos do nosso Distrito Industrial. O que já avançou nisso?

Raimundo Júnior – Em reuniões com o Governo do Estado, por meio das suas secretarias e de setores específicos para o desenvolvimento econômico, como a Codec, por exemplo, nós apresentamos em diversos momentos as reivindicações do município, para que o Estado olhe para o Distrito Industrial de Marabá, que, em verdade, são três distritos, com mais atenção e mais carinho, para que nós possamos tornar esses três distritos efetivamente atrativos. Nós temos alguns problemas que são graves, o Governo do Estado sabe disso, nós já entregamos, inclusive, reivindicações, através de ofícios formalizados à Codec, à Sedeme [Secretaria Estadual De Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia] e em mãos ao próprio governador do Estado, solicitando providências para revitalizar o nosso Distrito Industrial, cuja infraestrutura está muito precária, com vias em condições de trafegabilidade muito ruins, com alguns riscos, inclusive, para o deslocamento. Também temos um certo abandono por parte do paisagismo, que não vem sendo cuidado como merece, o que acaba fazendo com que o Distrito perca um pouco da atratividade que representa, já que é uma área destinada à produção industrial e comercial em média e larga escala. Outro problema grave que nós estamos enfrentando, do qual o Governo do Estado também está ciente, são as invasões no Distrito. Elas estão acontecendo, com uma certa frequência, com uma ausência mais forte do Estado em relação à tomada de decisão quanto à desocupação. Esse movimento vem crescendo e ameaça não só as empresas que já estão instaladas lá como também, e principalmente, ameaça a atração de novos negócios. E é importante deixar claro para essa comunidade que ocupa essa área, indevidamente, que os Distritos Industriais são áreas públicas que não são passíveis de desapropriação ou usucapião. Então, é lógico que o Estado vai fazer essa desapropriação, até pela própria determinação da lei. Mas, enquanto isso demora, acaba deixando um sentimento de instabilidade por parte daqueles que estão hoje instalados lá, produzindo, e, principalmente, assusta e afasta aqueles que procuram a cidade através da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio e também por meio da Associação Comercial e Industrial de Marabá, com o objetivo de trazer novos investimentos. Então, é uma situação que precisa ser resolvida rapidamente.

Zeca – Quantas guseiras estão em atividade lá no Distrito Industrial, no momento?

Raimundo Júnior – Hoje, em atividade, efetivamente não temos nenhuma. A última que estava em atividade paralisou [o funcionamento] semana passada. Então, existem projetos e movimentos no sentido de tentar reativar, mas para isso a gente precisa resolver alguns problemas que emperram o reinício desse processo de industrialização de ferro-gusa no nosso Distrito Industrial. A Associação Comercial tem lutado bastante no sentido destravar esses obstáculos que realmente impedem a retomada do setor guseiro. O principal elemento para todo mundo – que foi o elemento que levou à derrocada do nosso Distrito Industrial, a partir da produção de ferro-gusa – é a questão ambiental, a questão do carvão vegetal. Então a gente tem lutado muito para que o Governo do Estado atualize a legislação, fazendo com que o tratamento dado à extração vegetal de fazendas de plantio licenciadas pela Semas [Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade] e pelo Ibama também, seja o mesmo tratamento dado à extração para a produção de celulose. Quando a vegetação de eucalipto, por exemplo, é extraída e destinada à produção de carvão, o tratamento é muito mais rígido do que quando essa mesma vegetação é extraída para a produção de celulose. Então, com isso, as nossas fazendas de eucalipto, que foram instaladas para a produção de carvão a fim de viabilizar a nossa produção industrial de ferro-gusa, estão hoje tendo a produção extraída e levada para o Maranhão para a produção de celulose, em indústria, de Imperatriz. Então, quer dizer, se a gente não reverter isso num curto espaço de tempo é capaz de perdermos as nossas fazendas para a indústria de celulose no Maranhão e isso inviabiliza plenamente, para um futuro próximo, o reaquecimento e a reabertura do setor guseiro de Marabá.

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