Surto de coronavírus na China pode beneficiar exportação de carne brasileira

O surto de coronavírus na China, ao contrário do que se possa imaginar, não causará impacto na exportação brasileira de proteína animal àquele país do oriente, muito pelo contrário. Quem explica ao Zeca News é o pecuarista Francisco Victer, coordenador da Aliança Paraense pela Carne, movimento que envolve a pecuária, a indústria e o varejo em promoção da atividade pecuária e de sua cadeia agroindustrial e comercial no Estado do Pará.

Segundo ele, analisando de maneira preliminar ainda não há como avaliar as consequências ou de projetar o problema, desde que o surto seja contido e não ganhe um alcance maior para toda aquela região.

A atividade econômica na China – esclarece Victer – passa por um momento de estabilização e retração e isso acaba aumentando os problemas de abastecimento no médio e no longo prazo. “Percebemos que os episódios como esse, seja do coronavírus, seja peste suína africana, geram incremento do mercado inclusive para países como o Brasil, que são fortes no fornecimento de proteína animal, seja carne bovina, suína ou de frango, e que pode acabar ampliando o mercado, valorizando a atividade pecuária brasileira”, tranquiliza Victer.

Preço da carne cai no Brasil e vendas aumentam

Perguntado sobre a situação atual dos mercados do boi e da carne, Francisco Victer disse que neste momento ambos estão estáveis, após uma redução na oferta, de gado e, consequentemente, de carne, em outubro e novembro do ano passado, por conta do ciclo pecuário, mas também por conta da entressafra, que se prolongou mais.

“Ao mesmo tempo houve uma demanda fortalecida pelo resgate do FGTS e pelo pagamento da primeira parcela do 13º salário. De modo que melhorou a renda no mês de novembro, naturalmente incrementando a demanda”, lembrou Victer.

Ele ressalta ainda que no momento a oferta estava mais enfraquecida em função do ciclo pecuário, quando são abatidas as matrizes, o que faz diminuir a produção da pecuária; e pela entressafra, devido ao clima, por um período seco mais prolongado.

“Isso foi um fator de incremento no preço, que foi observado na época. A arroba do boi, que estava na casa dos R$ 150,00, passou dos R$ 200,00, em algumas praças no Pará chegou a R$ 210,00. No Brasil passou de R$ 230,00. E o quilo do da carne, no atacado, quanto o dianteiro quanto o traseiro, o boi casado, que girava aí na casa dos R$ 10,00, R$ 11,00, R$ 12,00, saltou para R$ 16,00, R$ 17,00”, explica.

Os cortes mais nobres, do traseiro, no atacado, chegaram a R$ 19,50 e, consequentemente, o preço da carne, no varejo, aumentou, de modo que isso foi percebido pelo consumidor, o que, na época, gerou uma série de notícias e muito também se atribuiu ao aumento da taxa de inflação, em função também desse aumento no preço da carne.

Porém, segundo Victer, passado os meses de dezembro, época de festas; e de janeiro, quando as famílias têm gastos com despesas escolares e impostos, o que observa é uma acomodação da demanda, uma melhoria na oferta, com os preços do boi e da carne, tanto no varejo quanto no atacado, têm retornado a preços mais baixos. “O que demonstra, que, mesmo não voltando aos preços anteriores, pelo menos, devem se estabilizar com uma pequena valorização porque, de certa forma, é importante porque, com a valorização você incentiva a atividade pecuária, que é o início do processo da produção da carne”, explica Francisco Victer, esclarecendo que não foram as exportações  para a China que causaram no Pará o aumento da carne.

Compartilhe:

Apoiadores do ZecaNews