DIA DA AMAZÔNIA Em um ano, floresta perdeu 653 mil campos de futebol em área desmatada

Este sábado (5) é uma data importante para que a humanidade possa refletir sobre o desenvolvimento econômico e social que respeite a floresta amazônica – mantendo-a em pé e conservando toda a sua biodiversidade. Trata-se, na verdade, do Dia da Amazônia, ocasião em que instituições em todo o mundo reforçam a atenção para a importância da maior floresta tropical do mundo.

Mas o momento é preocupante. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que realiza o mapeamento da floresta, apontou que 6.536 Km² de área nativa na Amazônia foram devastados, entre o período de agosto de 2019 a julho de 2020. Este índice é 29% maior que o registrado no período anterior (agosto/18 ajulho/20), quando o desmatamento na Amazônia Legal (a que está presente no território brasileiro) foi de 5.054 Km².

Considerando que cada 1 Km² equivale a 100 hectares, a destruição amazônica no último ano alcançou uma área de 653.600 hectares, o equivalente a 653.600 campos de futebol. O boletim do instituto apontou ainda que somente no mês de julho esse índice foi de uma área destruída de 1.147 Km². E 42% das áreas devastadas estão no território paraense. Este percentual é quase o dobro do que foi registrado no estado do Amazonas, que concentrou 23% do desmatamento na Amazônia Legal.

FATORES

O pesquisador do Imazon e engenheiro florestal Paulo Barreto, considera arriscado fazer uma projeção sobre a tendência para os próximos meses ou ano. Mas foi categórico ao afirmar que o cenário atual sugere uma tendência para que o desmatamento continue aumentando. “É difícil projetar, mas a tendência é que, se continuar como está, vai aumentar”, frisou. “O atual governo federal vem sendo leniente e isso contribui para o desmatamento”, destacou o pesquisador.

Barreto destaca ainda que são vários os motivos que contribuem para o aumento do desmatamento na Amazônia e enumera três fatores que foram uma espécie de “tripé” que leva para a derrubada da floresta. O primeiro é a ameaça. A atividade agropecuária contribui para a destruição das florestas nativas – principalmente a pecuária no território paraense. “Outro fator que a gente chama é acesso. As políticas públicas, as leis fundiárias, facilitam a ocupação de terras públicas por grileiros que acabam adquirindo grandes áreas e desmatando”, citou o pesquisador. “O enfraquecimento dos órgãos de fiscalização, como o Ibama, deixa a floresta numa condição de vulnerabilidade – e o atual governo federal tem atacado o Ibama”, acrescentou Barreto.

Além dos prejuízos ao meio ambiente, o desmatamento da floresta amazônica tem causado outros impactos para o Brasil. “Essa destruição tem um custo e quem compra ou investe na Amazônia passou a pressionar o governo em relação a essa questão do desmatamento”, frisou Paulo.

Compartilhe:

Apoiadores do ZecaNews