O presidente Jair Bolsonaro, em discurso durante a inauguração de um trecho ferroviário e um terminal de São Simão, em Goiás, nesta quinta-feira, 4, voltou a criticar a suspensão da atividade produtiva e a adoção de outras medidas de isolamento social para combater a propagação do novo coronavírus e negou que não esteja empenhado em comprar vacinas contra a Covid-19.
“Chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou. “Qual o futuro do Brasil? O efeito colateral do tratamento errado da Covid, que eu venho falando há um ano, é muito mais danoso que o próprio vírus”, disse. “Todos nós vamos sofrer se não tomarmos as medidas certas e com coragem”, acrescentou. Para justificar o fim do isolamento, Bolsonaro usou uma citação bíblica — “não temas”. Ele também ressaltou que lamenta qualquer morte — 259.271 pessoas morreram no Brasil em razão da doença.
Segundo, Bolsonaro, a “atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa” e questionou: “Por que essa frescura de fechar o comércio?”. O presidente também ressaltou que medidas restritivas podem trazer outros riscos à sociedade. “Sem dinheiro, sem salário, sem emprego, estamos condenados à miséria, ao fracasso, à morte, a ações que não nos interessam, como distúrbios, saques, greves generalizadas, se bem que quem não está trabalhando não vai fazer greve”, disse.
Também pediu que os políticos ponham fim á política do isolamento. “Eu apelo aqui, já que foi me castrada a autoridade, para governadores e prefeitos: repensem a política do fecha tudo, o povo quer trabalhar. Venham para o meio do povo, conversem com o povo. Não fiquem me acusando de fazer aglomeração, aqui tem uma aglomeração, em todo lugar tem. Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra e suicida”.
“Como gostaria de ter o poder, como deveria ser meu, para definir essa politica. Foi para isso que muitos de vocês votaram em mim”, acrescentou. A referência, comumente feita pelo presidente, é ao Supremo Tribunal Federal, que decidiu que estados e municípios têm autonomia para adotar medidas de restrição na pandemia — em nenhum momento, no entanto, a Corte retirou poderes do presidente.
Vacinas
Bolsonaro disse ainda que “nunca nos afastamos de buscar vacinas”, mas ressaltou a importância da autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) porque “a gente está vacinando seres humanos”.