As amostras analisadas no estudo foram coletadas de pacientes de sete estados
Pesquisadores da Fiocruz que fazem a vigilância de mutações que vêm ocorrendo no coronavírus detectaram novas alterações até então não detectadas na proteína spike (ou S) do Sars-CoV-2 em circulação no Brasil. Foram observadas mudanças em 15 amostras do vírus sequenciadas geneticamente.
Como a quantidade de genomas com as alterações é pequena, os cientistas explicam que ainda não se caracteriza como a formação de uma nova linhagem do Sars-CoV-2. Mas eles alertam que é preciso manter a vigilância sobre como o patógeno está se comportando e acompanhar se essas alterações aumentam de frequência.
Os pesquisadores da Rede Genômica Fiocruz observaram em 11 sequências genéticas deleções na região inicial da proteína S – ou seja, trechos do DNA que “sumiram” no processo de replicação do vírus. Em quatro sequências, ocorreu o quatro – foram inseridos aminoácidos que não apareciam antes.
A spike está associada à capacidade do coronavírus de entrar nas células humanas e, por isso, é um dos principais alvos dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo para bloquear o vírus. Os resultados dessa análise foram publicados em esquema de pré-print – ainda sem revisão por outros cientistas – na plataforma MedRxiv.
“O novo coronavírus está continuamente se adaptando e, com isso, propiciando o surgimento de novas variantes de preocupação e de interesse com alterações na proteína Spike. No entanto, vale ressaltar que as novas mutações foram, até o momento, detectadas em baixa frequência, apesar de encontradas em diferentes Estados. Ainda precisamos dimensionar o impacto deste achado e, sem dúvidas, ampliar cada vez mais o monitoramento genômico”, complementou a virologista Paola Cristina Resende, do mesmo laboratório.
As amostras analisadas no estudo foram coletadas de pacientes de sete estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia, Minas Gerais e Alagoas. De acordo com os pesquisadores, essas alterações merecem atenção porque podem facilitar que o vírus escape do sistema imunológico humano, ao dificultar a ligação da proteína S com anticorpos. Essa, porém, ainda é uma hipótese que precisa ser testada.