Há seis meses sem os insumos que deveriam ser distribuídos pela prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, portadores de diabetes de uma das cidades mais ricas do País, a chamada Capital do Minério, não encontram das Unidades Básicas de Saúde de Parauapebas lancetas, usadas para colher sangue no momento do teste de insulina; fitas para glicosímetro, aparelho que mede o nível de açúcar no sangue; nem agulhas para exames.
Maria do Socorro Ferreira, de 54 anos, do Bairro Casas Populares II, é uma dessas pacientes que não sabe mais o que fazer. Ela diz que adquirir o kit em farmácias é muito caro.
“Com o dinheiro que a gente recebe não dá para comprar direito os remédios e nem o nosso alimento”, lamenta ela, que sofre ainda de bronquite asmática e já foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “O único insumo que chega corretamente pela UBS do Casas Populares são os cilindros de oxigênio”, usados para outro problema de saúde que não a diabetes.
Outro paciente que também está muito preocupado com o que pode acontecer, caso a situação continue assim, é Amadeus Soares, de 54 anos. Ele afirma que há mais de seis meses não há lancetas ou agulhas específicas para os testes de insulina na UBS do Complexo Altamira, onde é cadastrado.
“Também não tem o remédio pra hipertensão nem seringas de insulina. Há mais de um ano tá assim. As lancetas que tinham lá não eram compatíveis com meu glicosímetro, já fiz a solicitação para receber as que me servem três vezes ou mais ou para trocar esse aparelho, e nunca trocam. É um constrangimento”, queixa-se.
O repórter Ronaldo Modesto, que também sofre do mesmo mal e é cadastrado na UBS do Popular II, afirma que há seis meses espera receber os insumos, mas não encontra em Unidade nenhuma. “Tem mais, se você é cadastrado numa UBS, não recebe em outra, mesmo que esteja passando mal”.
“Os insumos são muito caros, um estojo de lanceta, por exemplo, custa R$ 110,00, com 50 unidades. Para quem usa três vezes por dia, sai muito caro. Imagine o assalariado, o aposentado a pessoa que ganha pouco, como vai fazer, em meio a essa crise financeira que veio com a pandemia?”, indaga, indignado, Modesto, completando: “Cadê o governo municipal, que tem obrigação de dar esses insumos? Cadê o secretário de Saúde, que não quer trabalhar? Cadê os vereadores, que não fiscalizam isso? Eles não dizem que são os fiscais do povo?”
Outro profissional de Comunicação, o também repórter Antônio Caetano da Silva, diabético há 15 anos, hoje cadastrado na UBS do Bairro Jardim Canadá, reafirma as palavras dos demais entrevistados e conta que, tanto ele quanto Ronaldo Modesto estiveram recentemente com o secretário de Saúde de Parauapebas, Gilberto Laranjeiras, e ele disse que, caso não haja insumos na UBS em que a pessoa é cadastrada, pode procurar em outra e receber o material.
Caetano, entretanto, afirma que isso não existe e conta que, semanas atrás, passou mal pilotando sua moto e já quase sem condições de conduzir, num esforço, extremo, parou em uma UBS para pedir auxílio e a resposta que recebeu, mesmo diante do perigo iminente de sofrer um acidente e morrer, foi que procurasse a UBS em que é cadastrado.
O repórter também afirma que outra explicação do secretário Laranjeiras foi de que pessoas da zona rural e de municípios próximos, como Eldorado e Curionópolis, também recorrer às UBS de Parauapebas, onde recebem os insumos. Mais uma vez, Caetano colocou em xeque as palavras do secretário: “Ora, se nós, aqui da cidade, estamos à míngua em relação a esses insumos, imagine essas pessoas da zona rural e dos outros municípios, como ele diz?”, indaga.
Por fim, sem uma explicação mais lógica, Gilberto Laranjeiras disse a Caetano Silva e Ronaldo Modesto que os insumos são uma responsabilidade tripartite: o governo federal, abastece o Estado e este abastece os municípios. O secretário, ainda numa última tentativa de isentar sua administração de responsabilidade, disse que “isso é coisa de política”.
Ou seja, se eximiu e eximiu a Prefeitura de Parauapebas de qualquer reponsabilidade sobre a saúde dos diabéticos, a quem só restam duas opções: adquirir, se tiverem dinheiro, os insumos, ou morrerem à espera da boa vontade do governo municipal!
Em contato com a Redação, o repórter Caetano Silva afirmou que na manhã desta sexta-feira, 3 de dezembro, esteve novamente na UBS do Novo Horizonte e, mais uma vez, a resposta foi a mesma: “Não há insumos”. (Da Redação)