Primeira mulher trans a se tornar coronel da Polícia Militar fala da importância de abrir portas na corporação

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) é a primeira do Brasil a registrar uma mulher trans como tenente-coronel da corporação. Maria Antônia, de 60 anos, da reserva remunerada, retificou os dados em seus documentos militares no começo deste mês de fevereiro, e é a única transexual a chegar a tal patente.

Ao g1, Maria Antônia, que disse se sentir em “uma posição de alegria e, ao mesmo tempo um local de visibilidade, um local de fala importante, para a comunidade trans”. Para ela, a conquista abre portas na corporação.

Não apenas da minha história, mas das pessoas trans que vieram antes de mim e que virão posteriormente. Existe uma questão de espaço, de visibilidade para a comunidade”, diz a coronel da PM.

Maria Antônia entrou no quadro da PMDF em 1987. Ela foi uma das fundadoras do 5º Batalhão, no Lago Sul, que cuida do policiamento nos setores de embaixadas.

A coronel passou pelo 1º Batalhão, na Asa Sul, pelo 2º Batalhão, em Taguatinga, e pelo 3º Batalhão, na Asa Norte. Atualmente, ela mora no interior do Rio Grande do Sul.

Segundo Maria Antônia, as pessoas trans precisam de mais assistência. “A comunidade é muito desassistida, em vários sentidos, inclusive com relação a aspectos que envolvem saúde, empregabilidade e vulnerabilidade social”, afirma.

Processo de transição

 

Maria Antônia, de 60 anos, é primeira tenente-coronel trans da PMDF e do Brasil — Foto: Arquivo pessoal
de 60 anos, é primeira tenente-coronel trans da PMDF e do Brasil — Foto: Arquivo pessoal

Maria Antônia passou por um processo de transição e por uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos quatro anos, depois de deixar a Polícia Militar. Segundo ela, o processo, conhecido como transição segura, envolve reconhecimento, identificação e aceitação.

“É preciso dar visibilidade. Mas, para que haja visibilidade, as pessoas trans tem que estar vivas, e isso, no Brasil, se limita a 35 anos de idade, quando na população CIS, a estimativa de vida é de 70 anos”, diz a militar.

Maria Antônia passou por um processo de transição e por uma série de intervenções cirúrgicas nos últimos quatro anos, depois de deixar a Polícia Militar. Segundo ela, o processo, conhecido como transição segura, envolve reconhecimento, identificação e aceitação.

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