Agosto Dourado: Hospital Materno Infantil busca novas doadoras para Banco de Leite Humano

Amamentar, além de ser importante para o crescimento e o desenvolvimento da criança, garantindo saúde ao bebê, promove a interação entre mãe e filho, uma experiência única e conhecida somente por quem já vivenciou esse ato de amor.

Em 1º de agosto é celebrado o Dia Mundial do Aleitamento Materno e o início da campanha Agosto Dourado, mês que simboliza a luta pelo incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê e alimento complementar até os dois anos ou mais. A nutricionista Fabíola Badu, do Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil de Marabá, explica as vantagens do aleitamento.

“O leite materno é muito importante para auxiliar tanto no desenvolvimento psicomotor, como no desenvolvimento saudável do bebê. O aleitamento materno até os seis meses ajuda a auxiliar na prevenção de infecções, alergias, colesterol, diabetes, que são doenças crônicas. O não aleitamento dessas crianças pode gerar vários problemas ao longo da vida adulta. O leite materno é rico em sais minerais, vitaminas, ferro, proteínas, tudo que o ser humano, nos primeiros dias de vida, necessita”, informa a nutricionista.

 

Fabíola Badu, nutricionista do Banco de Leite Humano do HMI

 

Há vantagens do aleitamento também para as mamães. “Diminui a questão de hemorragia nas primeiras horas do parto, auxilia na prevenção do câncer de mama, de ovário, diminui o risco de diabetes, hipertensão, são muitas vantagens”, pontua.

Para garantir o leite materno aos recém-nascidos, sobretudo, àqueles que necessitam de cuidados especiais, a exemplo dos prematuros, o Hospital Materno Infantil (HMI) conta com um Banco de Leite Humano (BLH), onde atualmente existem 30 doadoras. São mulheres que na fase de amamentação apresentam excesso de leite e doam o leite, proporcionando qualidade de vida a outras crianças.

Dentre os objetivos do BLH estão a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. A equipe é composta por duas nutricionistas, fonoaudióloga, biomédica e técnica em enfermagem. São profissionais que, diariamente, fazem visitas aos leitos da maternidade para auxiliar e orientar às mães sobre os cuidados com a amamentação.

Nas visitas técnicas, são verificados pontos como a produção necessária de colostro – leite produzido logo após o nascimento do bebê, geralmente, é secretado entre os três e cinco primeiros dias e tem consistência mais líquida do que o leite maduro – para atender a criança; a posição correta da amamentação; e a boa sucção por parte do bebê. É durante esse contato que a equipe capta novas doadoras para o Banco de Leite Humano.

Neste mês de julho, Fabíola Badu observa que houve baixa no estoque do Banco de Leite, apenas 30 litros, o que ela julga pouco para a demanda da maternidade. “Durante as visitas nos leitos, a gente sempre incentiva as mães a serem doadoras, para isso, basta vir ao hospital ou ligar. Vamos fazer o cadastro e fazer todas as orientações. Aqui já entregamos os frascos e buscamos o leite na residência, uma vez por semana”, esclarece a nutricionista.

Vale ressaltar que o leite coletado passa por um processo de pasteurização e análise microbiológica. Também são feitos exames com uma amostra do sangue da mãe e só depois dos resultados, o leite é liberado ou não para os bebês.

 

 

A experiência de amamentar

Haitê Naissa Almeida, 19 anos, já tem nos braços o pequeno Gael, nascido prematuro, com 34 semanas, no dia 08 de julho. A mamãe de primeira viagem descreve a sensação de amamentar o filho no peito, após dias de espera, na UCI do HMI.

“A primeira vez que ele pegou no meu peito foi uma sensação incrível. Foi uma superação que a gente teve, tanto eu quanto ele, porque corremos risco de morte, então ter ele nos meus braços, mamando, é perfeito. Não tem coisa melhor. Está tendo esse contato com ele é maravilhoso. Agora que podemos ficar juntos, estou aqui amamentando, fazendo tudo direitinho pra ele pegar peso pra gente ir pra casa. Enquanto ele quiser eu vou amamentar”, disse a mãe emocionada.

 

Haitê Naissa Almeida, analista de RH

 

Durante os quase vinte dias na UCI, Gael se alimentou de leite materno e não só da mãe. O alimento era fornecido pelo Banco de Leite do HMI. Foi vendo os cuidados com o filho, que Haitê também decidiu se tornar uma doadora. “O tempo que ele ficou lá, ele tava recebendo leite de outras pessoas também, então percebi que eu poderia fazer o mesmo, ajudar outras pessoas”, ressalta a analista de RH.

Da terceira gestação de Elisabete Ribeiro, nasceu Rosa Mel, que tem duas semanas de vida, mas para essa mamãe a amamentação está sendo como da primeira vez. Afinal cada ser tem sua própria identidade, personalidade, por isso, está tendo de reaprender, relembrar as técnicas, e para isso contou com a ajuda da equipe do HMI. Bete também quer se tornar uma doadora.

“É uma sensação muito ótima, porque é um ser tão indefeso, tão pequeno que eu tenho o prazer de dedicar 30, 40, 50 minutos para amamentação. Eu me sinto feliz de poder dar, não somente leite, mas também carinho, porque ela precisa. Mesmo sendo o terceiro filho é tudo uma novidade, ela requer atenção diferenciada. A equipe do Materno foi muito solícita e ainda tenho o apoio do Banco de Leite, me dando todo o suporte para eu dar uma amamentação de qualidade. Eu penso em ser doadora de leite”, revela a jornalista.

 

 

As interessadas em se tornar doadoras podem entrar em contato pelo telefone (94) 3222-5751, que uma equipe lhe explicará todo o procedimento. Todas as doadoras são testadas para garantir que não haja problemas para o bebê receptor.

 

 

BLH

Desde que foi criado, em 2014, é credenciado à rede de bancos de leites, que funciona em cadeia de monitoramento (credenciamento). O BLH funciona dentro de uma rede, sendo que o primeiro banco de leite começou na década de 1940 e em 1985 criou-se um projeto pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) que se expandiu para todo Brasil, e hoje são mais de 225 bancos de leite.

Em 2018, o Banco de Leite Humano do HMI recebeu a certificação de credenciamento pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH-BR), em função do grau de conformidade alcançado na manutenção das informações no Sistema Integrado de Gestão. O Banco de Leite Humano já recebeu dois selos de Ouro pela Unicef.

Texto: Leydiane Silva
Fotos: Secom

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