Dia Mundial da Educação: O poder de transformar vidas e os desafios de ensinar

O Dia Internacional da Educação é uma data comemorativa celebrada, anualmente, em 24 de janeiro. Foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 3 de dezembro de 2018, e visa o papel da educação para a paz e o desenvolvimento. Para falar do tema, três profissionais da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed) foram escolhidos para falar sobre a missão e os desafios de ensinar.

O professor concursado, Charles Oliveira, assumiu o desafio de ensinar matemática, em 2014, para estudantes de 6° ao 9° ano nas Escolas Paulo Freire e Acy Barros, no núcleo Cidade Nova. Ele conta que a docência surgiu a partir da motivação de amigos e a facilidade com números. “Foi um incentivo de alguns colegas pela facilidade que eu tinha em ensinar. Eles sempre falavam ‘rapaz, você tem facilidade para ensinar. Vai se tornar professor’, então estamos aqui até hoje”, relembra.

Para o educador Charles Oliveira, a educação é um divisor de águas

Ainda assim, o professor vê a disciplina como desafiadora, porém sempre busca motivar os alunos. Sempre nos primeiros dias de aulas, ele pergunta quais se identificam com matemática e busca aplicar exercícios que facilitem a compreensão da turma.

“Matemática é difícil, mas não precisa ser. Eu falo para eles que a educação é um divisor de águas. Tanto é que na minha sala, eu proíbo algumas palavras, como ‘burro’. Eu não deixo ninguém chamar o aluno de burro. Eu falo assim ‘Vamos ler, pois quanto mais você lê, mais inteligente você fica’. Eu tento incentivar, ao máximo, a leitura dos meus alunos”, explica o professor.

Entre as muitas histórias vivenciadas ao longo da profissão, Charles lembra sobre um estudante que reprovou série e buscou auxílio ao professor. O reforço acontecia sempre no contraturno e ajudou o aluno, inclusive, a ser aprovado em concurso. “Ele me prometeu nunca mais parar de estudar. Isso é sensacional. A satisfação é imensa. E quando meus alunos ganham medalhas na Olímpiada Brasileira de Matemática (Obmep), não tem como não ficar feliz”, expressa, deixando um recado.

“Estudem, pois vale a pena. Eu sempre comento com meus alunos que desde quando comecei a estudar, sempre tento me aprimorar. Tanto é que me formei em matemática, engenharia, mestrado, fiz especialização. Nunca parei. Os meninos comentam ‘professor, o senhor gosta de estudar, né? Sim. É preciso’. A educação é um divisor de águas. Continue estudando, sempre lendo. É muito importante”, aconselha.

A educação muda realidades

O professor de Língua Portuguesa, Fábio Rogério Rodrigues, começou a dar aula, ainda por meio do magistério, na década de 1990. Formado há 25 anos, já atuou como professor, diretor, docente universitário e já exerceu o cargo de secretário de educação em outro município. Atualmente, é Diretor Geral de Ensino da Semed, além de atuar como professor na Rede Estadual. Ele relembra o fascínio obtido pelo magistério, mas acima de tudo, por se compreender dentro de um processo transformador de vidas.

Fábio Rogério acredita que a educação transforma vidas

“Na verdade, eu acho que não escolhi o magistério, acho que o magistério me escolheu. Eu acho que era a possibilidade que se tinha e houve ali um encantamento. Então, trabalhar com pessoas, liderar processos, liderar pessoas, que tem como objetivo maior elevar outras pessoas socialmente é algo de um valor extraordinário”, explica.

Enquanto responsável por ensinar, o professor acredita que muitos estudantes teriam a dignidade comprometida se não fosse pelo poder da educação. “A educação é muito nobre. O trabalho do professor é muito nobre, naturalmente. A essência é nobre porque permite, que com sua vontade, com sua força, com seu conhecimento, ajudar as pessoas a saírem, às vezes, da condição que eles estão. E essa condição, às vezes, é uma condição muito ruim. É uma condição socialmente e economicamente desconfortável, socialmente excludente. Então, quando o seu trabalho lhe permite ajudar essas pessoas a ter uma vida melhor, isso tem um valor excepcional”, conclui.

Educação humanizada

Com quase 50 anos de vida voltados para a educação, Marilza Leite é a atual Secretária de Educação de Marabá (Semed). Começou a dar aulas ainda no Paraná. Aos 30 anos, chegou em Marabá, onde construiu carreira como professora e gestora. A secretária analisa a arte de transmitir conhecimento como um serviço essencial prestado à sociedade.

Para a Secretária Marilza Leite, educação e afeto devem andar juntos

“Nós temos uma influência e uma responsabilidade muito grande na vida desses alunos que passam pelas escolas e que nós temos a oportunidade não só de ensinar, não só de transmitir conhecimento, mas também de sermos exemplos, e isso é muito importante. A educação para mim é tudo. A educação é o futuro realmente. É a solução, é a saída para nossas crianças, para elas terem uma oportunidade financeira, de realização profissional, de ter uma qualidade de vida melhor”, discorre.

Para a titular da Semed, a educação é primordial para que o indivíduo seja feliz, aperfeiçoe-se e tenha um futuro digno. Além disso, é imprescindível que a humanização esteja presente na relação de ensino aprendizagem, no ambiente escolar.

“A educação, no meu ponto de vista, é a principal. Só faz educação realmente quem, além do conhecimento, tem aquela visão carinhosa de cuidar, de entender que do outro lado tem um ser humano que precisa muito do professor, que precisa muito de quem está ali para transmitir o conhecimento. Só o conhecimento, na minha opinião, não faz uma escola. É o conhecimento com o olhar humano para aquele ser que está ali do outro lado”, explica.

Diante disso, é necessário pensar que uma educação de qualidade só existe quando o profissional habilitado transmite o conhecimento e enxerga o outro sob uma ótica do afeto. “A gente vê o quão importante é esse acolhimento, quando ele é feito de fato com o coração. O que nós tentamos fazer é uma educação humanizada. Aquela que olha e que vê um ser humano que necessita e dá a importância devida àquela criança, àquele adolescente que está ali nas nossas escolas”, finaliza.

 

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