Pecuaristas do Pará usaram pix de loja de informática para financiar ato em Brasília POR ROMA NEWS | 20 DE JAN DE 2023, 16:17

Uma loja de informática em Xinguara, no Sul do Pará, era usada por fazendeiros da região para arrecadas verbas e financiar os atos de manifestantes em Brasília, utilizando o pix da loja. Os dados da arrecadação foram obtidos e divulgados pela Repórter Brasil, que teve acesso a trechos de conversas de WhatsApp e vídeo publicados em redes sociais que mostram o emprenho de empresários para levantar recursos e manter acampamentos de manifestantes, inclusive em Marabá, no sudeste paraense.

Os depósitos eram todos direcionados para a USA Brasil de Xinguara, loja associada ao empresário Ricardo Pereira da Cunha, conhecido como “Ricardo da Usa Brasil”. Ele foi citado no depoimento como um dos envolvidos no atentado a bomba em Brasília em dezembro do ano passado, quando George Washington de Oliveira Sousa foi preso e disponibilizou à polícia os números de dois empresários do Pará, para avisar do ocorrido.

Cunha, que não é investigado pelo atentado, é conhecido por espalhar outdoors atacando o presidente Lula. Segundo as conversas privadas acessadas pela Repórter Brasil, empresários ligados a esse grupo espalharam a vaquinha na conta da USA Brasil para financiar ações de manifestantes ao menos desde novembro.

Entre os empresários empenhados na arrecadação está Enric Juvenal da Costa Lauriano, que participou pessoalmente do ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. “Ó que lindo, que lindo! O povo tomando aqui, ó!”, exclamou Lauriano, enquanto gravava a tomada do Congresso Nacional. As imagens foram transmitidas em seu Instagram. Lauriano não consta na lista de presos após o incidente de Brasília.

Pós-Eleições

No dia 7 de novembro – pouco mais de uma semana após o segundo turno das eleições -, o empresário encaminhou em um grupo de WhatsApp o número de Pix da USA Brasil para “quem quiser ajudar nas despesas de Marabá” – onde fica o 52º Batalhão de Infantaria de Selva, um dos principais pontos de protestos no Pará.

Em vídeo do final de novembro, Lauriano sugere atuar na organização da barraca do sul do Pará montada em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. “Nosso acampamento está aqui para dar suporte e estrutura para aqueles que chegarem ainda. Não vamos arredar o pé daqui enquanto não resolverem essa situação que o Brasil vem vivendo”, declarou.

O empresário é dono da JP Construtora, mas está enveredando pelo garimpo. A Agência Nacional de Mineração lhe deu permissão, em agosto passado, para extrair minério de ouro em Água Azul, no Pará, por cinco anos.

A riqueza da família, porém, vem do boi. Enric é filho de Onício Lauriano, pecuarista com fazendas em pelo menos três municípios do sul do Pará. No mesmo grupo de WhatsApp em que o filho divulgou o PIX para as “despesas de Marabá”, Onício compartilhou, em 9 de dezembro, uma “rifa de um touro Senepol e uma bezerra Nelore em prol da manifestação em Brasília”. Com custo de R$ 200, a rifa vendeu mais de 100 bilhetes. A arrecadação foi feita pela conta bancária da USA Brasil.

As investigações sobre os ataques do último dia 8, trabalham com a hipótese de que os patrocinadores sejam de setores ligados a atividades predatórias na Amazônia. Manifestantes detidos em Brasília afirmaram que as despesas de suas viagens para Brasília foram pagas por financiadores de Rondônia, Pará e Mato Grosso.

Com informações do UOL

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