Covid-19 Entenda riscos, sintomas e tratamento da arcturus, nova variante da Covid-19

Nova variante da covid-19, a cepa arcturus (XBB.1.16) tem preocupado especialistas. Considerada a responsável pelo aumento dos casos da doença ao redor do mundo, o vírus foi identificado em mais de 30 países e classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de interesse.
O especialista David Urbaez, referência técnica distrital de infectologia da Secretaria de Estado de Saúde, explica que a classificação se dá pela nova variante ser “uma sublinhagem da ômicron, que chegou após uma ampla vacinação e uma ampla disseminação do vírus até dezembro de 2022. As mudanças são o que chamamos de mutações pontuais nas diferentes estruturas do vírus”.
“Claro que quando você evolui nessa sublinhagem, você vai agregando fatores de transmissibilidade. O nosso sistema imunológico já tem informações bastante aprimoradas em como montar uma resposta para se defender desse vírus. É por isso que é cada vez menos provável o desenvolvimento de quadros graves e de registro de óbitos”, completa Urbaez.
Conjuntivite está entre os sintomas da cepa arcturus 
Identificada pela primeira vez na Índia, a cepa arcturus causa sintomas incomuns aos infectados: em crianças costuma causar conjuntivite. Além da condição que afeta os olhos, os outros sintomas são conhecidos pelos médicos e pela população, como febre e tosse.
Como explica Vinícius Kniggendorf, especialista em retina do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), apesar de todas as variantes do covid serem capazes de causar conjuntivite, “esta nova cepa, a arcturus, vem demonstrando a conjuntivite como sintoma comum, especialmente em crianças. Ela causa uma conjuntivite viral, cujos principais sintomas são olho vermelho, secreção esbranquiçada, coceira, inchaço palpebral e ardência”.
O oftalmopediatra Tiago Ribeiro, do Visão Hospital de Olhos, explica sobre os riscos da arcturus em crianças e diz que toda irritação ocular deve deixar os pais atentos. “Se o olho estiver irritado, o paciente se queixando de dor, coceira ou ardência, é necessário levar imediatamente a uma emergência oftalmológica. A conjuntivite viral, como o caso do arcturus, pode estar ou não associada a outros sintomas, como espirro, tosses. Caso confirmado a infecção por covid orientamos os pais para evitar contato com pessoas do grupo de risco como idosos e imunossuprimidos.”Para os casos de conjuntivite, Vinícius Kniggendorf diz que tratamento é sintomático. “Infelizmente não temos um antiviral específico para covid-19. Portanto, os sintomas de irritação são tratados com colírios lubrificantes, compressas geladas e nos casos mais graves pode ser avaliado o uso associado de colírio corticoide, que deverá sempre ser prescrito por oftalmologista”
Cepa arcturus no Brasil
O primeiro caso da arcturus no Brasil foi confirmado em 1º de maio, na cidade de São Paulo. De acordo com a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a vítima foi um homem de 75 anos, acamado e com comorbidades, que apresentou os sintomas de síndrome gripal e febre persistente desde dia 7 de abril.
No dia 4 de maio, foi registrado na Bahia o segundo caso da variante arcturus no país. A paciente, uma mulher de 70 anos, morreu. A informação foi divulgada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
Cenário atual da pandemia
A OMS decretou no dia 5 de maio o fim da covid-19 como emergência sanitária global. Já a variante arcturus é classificada como de risco moderado.
O especialista David Urbaez explica que o risco de contágio atual é baixo, e há um diferente panorama em relação ao primeiro ano da pandemia. “Nos mais
diferentes países as medidas de restrição ficaram praticamente zeradas, bem antes que a OMS tenha decretado o fim da emergência pública. Mesmo nesses cenários com poucas restrições, a presença da vacina e a própria imunidade adquirida por conta das milhões de infecções se juntam e fazem um cenário mais favorável para a convivência com o SARS-CoV-2”, diz.
Na Índia, a circulação da arcturus não ocasionou aumento nas hospitalizações, nem maior necessidade do uso de ventilação mecânica em uma população em que cerca de 70% já tomou alguma dose da vacina contra a covid-19.
David Urbaez explica que a nova variante não deve causar preocupação de um retorno às fases iniciais da pandemia. “Atualmente nós estamos convivendo com o SARS-CoV-2 e esse convívio vai permanecer por anos, por décadas, sempre com o registro dessas novas variantes que acontecerão naturalmente pelo próprio processo de replicação viral que ocorre com a circulação do vírus”, diz.
O quadro da arcturus costuma ser de febre alta, tosse e conjuntivite, mas com pouca evolução para quadros pulmonares graves. Além disso, as vacinas, especialmente a bivalente, parecem apresentar boa proteção para os casos graves.
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