Os filmes de Hollywood sempre se inspiraram em espécies da Amazônia para suas histórias. A série “Anaconda” é uma das mais conhecidas e parece não ser tão fictícia assim.
Uma nova espécie de sucuri gigante, potencialmente a maior do mundo, foi identificada por um grupo internacional de cientistas na Amazônia. Batizada de Anaconda Verde do Norte (Eunectes akayima), essa serpente impressionante pode atingir mais de 7 metros de comprimento e pesar cerca de 250 kg.
O estudo, publicado na revista científica MDPI Diversity, envolveu 14 pesquisadores de nove países e revelou características únicas dessa espécie. Até então, acreditava-se que apenas uma espécie de Anaconda Verde, conhecida como Anaconda Gigante, habitava a região amazônica. No entanto, a Anaconda Verde do Norte se mostrou geneticamente distinta das populações do sul da área de distribuição, como Brasil e Equador.
GENÉTICA REVELA NOVA ESPÉCIE
De acordo com a pesquisa, as anacondas encontradas em áreas como Venezuela, Suriname e Guiana Francesa apresentaram uma diferença genética de 5,5% em relação às do sul. Bryan Fry, coautor do estudo, comparou a divergência genética entre as espécies a diferenças encontradas entre humanos e chimpanzés, que é de aproximadamente 2%. “Essa distinção genética justifica a classificação de uma nova espécie”, afirmou Fry ao divulgar os resultados.
As cobras ao norte da região amazônica serão denominadas Eunectes akayima, um nome que significa “grande cobra” em línguas indígenas locais. As anacondas da região sul continuarão a ser chamadas de Eunectes murinus.
ESFORÇO INTERNACIONAL E DESAFIOS
A descoberta foi fruto de um trabalho coordenado pela Universidade de Queensland, na Austrália, que incluiu a coleta de amostras de sangue e tecidos de cobras no Brasil, Equador e Venezuela. A equipe também realizou inspeções pessoais nos animais para identificar diferenças físicas entre as espécies.
Jesus Rivas, o principal autor do estudo, observou pela primeira vez indícios de múltiplas espécies de sucuri verde há mais de 15 anos. Em parceria com a Dra. Sarah Corey-Rivas, ele passou anos analisando amostras genéticas e colaborando com outros pesquisadores para confirmar suas descobertas.