Diagnosticado com câncer pulmonar com 1 ano e 8 meses, Ebraim, que vai completar 3 anos em breve, está curado, depois de um longo tratamento, com quimioterapia e cirurgia. A trajetória do menino inspirou a criação do livro Ebraim, o Super-Bebê
Ebraim veio à capital quando tinha 1 ano e 8 meses, após sair de Marabá, no Pará, com a mãe Neide Santos, 36, para tratar a doença, após várias tentativas em hospitais da cidade natal. “De uma simples gripe, virou uma pneumonia. Levamos na pediatra, tratamos isso e Ebraim melhorou. Quatorze dias depois, ficou mal novamente. Voltamos no médico, mas a melhora foi apenas por uma semana”, relembra Neide. Depois de vários dias sendo tratado em casa, houve a necessidade de interná-lo.
Os médicos deram antibiótico para ele e, após cinco dias, recebemos alta, mas meu filho piorou muito e estava com crise asmática”, conta.
Neide voltou ao hospital, mas os médicos, segundo ela, não deram muita atenção à criança. “Pedi, então, para minha irmã falar com uma amiga que mora em Araguaína, no Tocantins, para conseguir um pediatra por lá. Mas, quando falei com a médica da nossa cidade, ela disse que meu filho não resistiria à viagem até Araguaína, que demoraria quatro horas, pois ele estava com derrame pleural grave — quando há acúmulo anormal de líquido no espaço entre as membranas que revestem os pulmões e a parede torácica”, recorda.
Mesmo assim, a médica deu um conselho: pediu que a mãe seguisse o coração e fizesse o que achava melhor. E foi o que Neide fez. Na companhia do marido, Carlos Ferreira de Souza, 48, seguiu para o Tocantins.
Chegando em Araguaína, o oncologista do hospital particular que iria tratar o menino não estava nem atendia ao telefone. O atendente do local sugeriu que a mãe levasse Ebraim para a rede pública. “Isso me abateu muito, pois eu havia saído de um hospital público. Mesmo assim, fui para onde ele sugeriu. Uma médica me recebeu e, após vários exames, suspeitou que meu filho estava com câncer”, relata a mãe.
Depois de um raio-x, a médica teve quase certeza do diagnóstico. Pediu a Neide que contatasse qualquer hospital do Brasil que pudesse confirmá-lo e tratar o bebê. Por meio da assistência social do Tocantins, obteve a indicação de procurar o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB).
O diagnóstico da doença foi algo muito difícil para Neide ouvir. Ela estava sozinha. Teve medo de perder o filho para a mesma enfermidade que havia levado o irmão dela sete anos antes. “Meu mundo desabou, chorei muito. No primeiro momento, não falei para ninguém da família. Fiquei com receio das reações. Ebraim ficou entubado e a médica disse que ele não resistiria àbiópsia, por estar muito debilitado”, detalhou. “A doutora informou que era preciso quimioterapia, pois não poderíamos esperar mais tempo. Com três dias de tratamento, ele começou a melhorar, e a esperança foi crescendo”, detalha. Após seis ciclos de medicação, o tumor foi retirado por cirurgia.
Nesse meio tempo, não tendo onde ficar em Brasília, Neide foi encaminhada à Abrace pelo HCB. O marido ficou em Marabá. Ela conta que sentiu o filho partir várias vezes, pois o menino ficou 17 dias entubado e 26 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Nesses momentos, os fisioterapeutas ficavam preocupados e achavam que ele morreria. Mas ele conseguiu provar a força que tem”,
Mensagem
A resistência do garoto emociona Neide. “Ele é mais forte do que eu, pois, em alguns momentos do tratamento, cheguei a pensar que eu morreria, porque não aguentava ver meu filho nessa situação. Ele, entubado, conseguiu sentar, resistiu a cada coisa, que até hoje me surpreende. Quando vamos ao HCB tirar sangue, ele diz que não vai chorar, porque já está acostumado”, observa, acrescentando que o garoto já escolheu uma profissão: quer ser oficial do Corpo de Bombeiros.
Ebraim vai completou 3 anos em 22 de dezembro. Por conta de toda essa trajetória, Neide foi convidada a participar de um projeto para transformar a história de Ebraim em um livro. “Fiquei muito emocionada quando recebi esse convite. Em setembro deste ano, fui chamada para essa proposta pela antiga assessora de comunicação da Abrace, Rosana Maria, que escreveu o texto. Contei tudo o que passamos, e, em pouco tempo, o livro ficou pronto”, relatou.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce do câncer pediátrico é fundamental. “Quando identificamos tumores localizados, é possível realizar tratamentos menos agressivos, com menor chance de sequelas, aumento das taxas de cura e melhora na qualidade de vida das crianças acometidas e suas famílias”, enfatiza o oncologista pediátrico da Oncoclínicas Brasília José Antônio da Silva Feitosa.
O especialista destaca que a doença não é uma sentença de morte. “Felizmente, as taxas de cura do câncer infantil são elevadas, principalmente quando o tratamento se inicia precocemente e é realizado em centros de referência. O cuidado integral, envolvendo família, escola, equipes de saúde e a sociedade, é fundamental”, completa.
Suporte e apoio a quem precisa
A missão da Abrace é ajudar famílias do Distrito Federal e de outros estados que, além do câncer de uma criança ou adolescente, também enfrentam dificuldades socioeconômicas. Foi fundada em 1986, por um grupo de pais, cujos filhos faziam tratamento no Hospital de Base.
Alexandre Alarcão, presidente da entidade, comenta o importante papel desempenhado pela Abrace na cura da enfermidade. “O câncer infantil é a doença que mais mata na faixa de zero a 19 anos. As crianças e adolescentes têm um tratamento especializado no HCB, cuja primeira parte foi construída pela nossa instituição. Ou seja, a Abrace é diretamente responsável pela melhora nos índices de cura da doença”, avalia.
De acordo com Alexandre, cerca de 900 famílias são atendidas atualmente pela Abrace. “Temos toda uma assistência integral com programas de moradia, geração de renda, temos parcerias para darmos formação para os pais das crianças poderem ter uma renda própria”, destaca.
Como ajudar
O Livro de Ebraim o super esta a venda em Marabá interessados entrar em contato com a Senhora Elizete na Avenida Tocantins na Contabilidade Tocantins no Whatsapp 9499154 7439 a familia precisa de ajuda para se manter em Brasilia onde o menino continua o tratamento.