Perda de sustentação, problema nos motores, cálculo de peso: as hipóteses para a queda do avião da Air India

Nas redes sociais, usuários apontam uma suposta inclinação incorreta de flaps (superfícies móveis nas asas que auxiliam na sustentação da aeronave durante subidas e descidas), o que, somada a uma temperatura elevada e ao peso de um avião cheio e com muito combustível, pode explicar o estol.

Segundo Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de risco na aviação, o estol é evidente pelas imagens disponíveis. Já a falha nos flaps ainda é prematuro afirmar, porque os vídeos mostram o avião muito distante. “Mas é uma possibilidade a ser investigada, bem como excesso de peso ou má distribuição da carga a bordo”, disse.

Perda de potência nos dois motores

Aeronaves comerciais como o Boeing 787 são certificadas a voar desde que capazes de operar com um único motor. O fato de o avião da Air India não ganhar altitude é um sinal de alerta que pode apontar problemas nos dois motores, um evento raríssimo na aviação comercial.

De acordo com o jornal inglês “Express”, as últimas palavras do piloto do voo AI171 para a torre de controle foram “falha de motor”.

As causas podem ser variadas e serão alvo da investigação das autoridades indianas: um avião pode perder potência por contaminação do combustível, por exemplo, ou pela entrada de pássaros no motor.

A entrada de pássaros no motor resultou em dois acidentes conhecidos: um em 2009, com um Airbus A320 da US Airways, nos EUA, num caso conhecido como o milagre do rio Hudson, e outro em 2019, com um Airbus A321 da Ural Airlines. Ambos foram atingidos por pássaros no motor e conseguiram aterrissar —todos os passageiros sobreviveram.

Cálculo de peso

As aeronaves precisam estar numa condição adequada de peso e balanceamento. Uma aeronave acima do peso tem mais dificuldade para ganhar altitude, por exemplo, o que é compatível com as imagens do Boeing 787 da Air India. O cálculo é feito antes do voo levando em condição o número de passageiros e a quantidade de carga.

As causas serão investigadas pela autoridade de aviação da Índia.

Hipóteses para a queda do avião — Foto: Arte/g1

A queda do Air India

O avião da Air India, com 242 pessoas a bordo, caiu na Índia nesta quinta. O incidente ocorreu perto do aeroporto da cidade de Ahmedabad, no oeste do país, no início da tarde no horário local (início da manhã pelo horário de Brasília).

A aeronave, um Boeing 787-8 Dreamliner, caiu em uma área residencial e atingiu segundos após a decolagem, em uma região próxima ao aeroporto, segundo a autoridade indiana de aviação.

O voo era operado pela Air India e tinha como destino o aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido. Autoridades indianas afirmaram que havia um total de 242 pessoas a bordo, sendo 232 passageiros e dez membros da tripulação. A maioria dos passageiros, 169, tinha nacionalidade indiana, mas havia também pessoas de outras nacionalidades, como 53 britânicos, sete portugueses e um canadense.

Um ex-ministro indiano da região de Gujarat estava na aeronave, segundo o jornal “India Today”.

Ainda não havia informações sobre a causa da queda até a última atualização desta reportagem.

Um porta-voz da polícia afirmou que a aeronave caiu sobre um alojamento de médicos. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, chamou o acidente de “tragédia”.

“A tragédia em Ahmedabad nos deixou atônitos e entristecidos. É algo de partir o coração, além das palavras”, afirmou o premiê em publicação no X.

Um morador que presenciou a queda do voo da Air India descreveu à PTI, a maior agência de notícias da Índia, que havia “corpos e destroços espalhados por toda a parte”, além de uma cena de caos, fumaça e destruição momentos após o acidente.

“Eu estava em casa quando ouvimos um estrondo enorme. Quando saímos para ver o que tinha acontecido, havia uma nuvem de fumaça espessa no ar. Quando chegamos aqui, corpos e destroços da aeronave estavam espalhados por toda parte”, afirmou o morador à agência.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, descreveu as imagens do acidente como “devastadoras” e que está sendo mantido informado sobre a evolução dos esforços de resgate.

O Rei Charles III também está sendo atualizado sobre os resgates. O ministro das Relações Exteriores britânico disse estar “profundamente triste” com o acidente.

Segundo a plataforma de monitoramento FlightRadar24, o avião perdeu a comunicação logo após decolar, a uma altura de cerca de 190 metros em relação ao solo.

Imagens que circulam nas redes sociais mostraram destroços em chamas e uma densa fumaça preta subindo aos céus nas proximidades do aeroporto. Uma delas mostrou o avião sobrevoando uma área residencial e desaparecendo da tela antes de uma imensa nuvem de fogo subir ao céu, vinda de além das casas.