Dia do Carimbó: conheça o Toró Misterioso, o encontro que revela a potência do carimbó urbano

Dia Municipal do Carimbó, celebrado em 26 de agosto em homenagem ao nascimento de Mestre Verequete, Belém volta seus olhos para um dos símbolos mais fortes da cultura amazônica. Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o carimbó atravessou séculos embalando terreiros e festas ribeirinhas, e hoje também pulsa nas ruas, ônibus e praças da cidade em sua vertente urbana. É nesse movimento vivo e contemporâneo que o Festival Psica 2025 aposta ao anunciar um encontro inédito: Batucada Misteriosa e Toró Açú juntos no palco, no feat batizado de Toró Misterioso.

 

Mais do que uma atração no line-up, o feat simboliza a potência do carimbó urbano — uma tradição afro-indígena que se desdobra em novas linguagens sem perder sua essência. Se o tronco escavado deu voz ao curimbó ancestral, hoje a criatividade das periferias cria tambores de PVC, recicla instrumentos e transforma o cotidiano em música. As letras falam de identidade, racismo, desigualdade e resistência, mas também da alegria coletiva que sempre definiu o gênero.

Para o diretor Jeft Dias, a curadoria do Psica busca proporcionar encontros que sejam tão históricos quanto orgânicos: “Esses encontros em cima do palco são algo que a gente tem muito cuidado em construir. Não pode ser algo impositivo, tem que nascer de afinidades reais. Muitas vezes parte do próprio artista a vontade de convidar alguém, outras vezes sugerimos um encontro que nunca aconteceu e que pode gerar algo único. O Psica é isso: um grande encontro de ritmos, estilos e artistas — e o palco é o lugar onde toda essa potência se revela.”

A Batucada Misteriosa, surgida em Icoaraci e Cotijuba, e o Toró Açú, nascido no quilombo do Abacatal, representam essa cena efervescente que expande o carimbó para além da tradição. “Nossa música reflete nossa forma de enxergar o mundo. O carimbó é pedagógico e acessível: qualquer pessoa pode dançar, tocar, viver junto”, afirma Dawidh Maia, do Toró Açú.

O diretor Gerson Dias ressalta que a escolha do feat reafirma o DNA do festival: “O Psica sempre busca valorizar a cultura amazônida feita por mãos pretas e indígenas. O carimbó é regionalidade e ancestralidade. Não existiria Psica sem ele em destaque no line-up. É nosso patrimônio mais rico, que precisa ser mostrado ao mundo.”

Para o mestre Nego Ray, guardião do espaço Coisas de Negro, o momento é simbólico: “Eles chegam com novas referências, até do rock, mas mantêm a essência. Como mestre, estar com essa juventude em um festival dessa grandeza é muito gratificante.”

Ao anunciar o feat no Dia do Carimbó, o Psica reafirma sua vocação de ser mais que um festival: uma plataforma de encontros e espetáculos únicos, onde tradição e futuro se encontram na mesma batida que move a Amazônia.

Além da estreia do Toró Misterioso, a programação do Festival Psica 2025 traz grandes nomes da música brasileira: Mano Brown, líder dos Racionais; a estrela do pop Marina Sena; o rapper BK em feat especial com Evinha; e o ícone paraense Wanderley Andrade, rei do brega-pop-calypso. Também estão confirmados a dama do reggae Célia Sampaio, o indie rock do Terno Rei (SP), o suingue da baiana Melly, indicada ao Grammy Latino, e o encontro amazônico de Patrícia Bastos (AP), Ronaldo Silva e Trio Manari (PA). Do Norte, completam o line-up a banda de tecnobrega Voo Livre e o rock alternativo da D’água Negra (AM), destaque do Aposta Psica 2024. O festival tem patrocínio máster da Petrobras e patrocínio de O Boticário via Lei de Incentivo à Cultura Rouanet, com realização da Psica Produções, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.

Serviço:

Festival Psica 2025 – O Retorno da Dourada, dias 12, 13 e 14 de dezembro, na Cidade Velha e do Mangueirão, em Belém

Compartilhe:

Apoiadores do ZecaNews