Churrasco de Pecuaristas na AgriZone da COP30 em Belém: Contradição e Oportunidades

A realização de um churrasco promovido por uma organização de pecuaristas durante a AgriZone, evento paralelo à COP30 em Belém, gerou debates acalorados. A AgriZone, espaço organizado pela Embrapa e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), visa discutir soluções para a agricultura sustentável no contexto das mudanças climáticas. O evento, agendado para o dia 17 de novembro, coincide com o Dia da Pecuária Sustentável na programação da AgriZone e tem uma expectativa de público de duas mil pessoas, inserido em uma programação com 378 atividades.

 

Contexto:

 

A iniciativa ocorre em um momento crítico, onde a agropecuária brasileira enfrenta crescente pressão para reduzir seu impacto ambiental. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, apontam que o setor foi responsável por 74% da poluição climática brasileira em 2024.

 

Contradição:

 

A realização de um churrasco, evento intrinsecamente ligado ao consumo de carne e, portanto, à atividade pecuária, dentro de um espaço dedicado à sustentabilidade, apresenta uma contradição evidente. Críticos argumentam que a ação pode ser vista como uma afronta aos esforços de mitigação das mudanças climáticas e um sinal de descompromisso do setor com as pautas ambientais.

 

Visão do Agronegócio:

 

Comentaristas do agronegócio defendem uma perspectiva mais otimista, ressaltando a importância do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a necessidade de superar o confronto entre agronegócio e meio ambiente. Mariana Agrille argumenta que, embora exista um passivo ambiental a ser enfrentado, é preciso avançar na busca por soluções que conciliem produção e sustentabilidade.

 

Oportunidades:

 

Apesar da controvérsia, o evento pode representar uma oportunidade para o diálogo e a construção de pontes entre diferentes setores da sociedade. A AgriZone pode ser um palco para a apresentação de tecnologias e práticas inovadoras que visam reduzir o impacto ambiental da pecuária, como a utilização de sistemas de produção integrados, o manejo sustentável de pastagens e a adoção de dietas para o gado que diminuam a emissão de gases de efeito estufa.

 

Conclusão:

 

O churrasco de pecuaristas na AgriZone da COP30 em Belém é um evento complexo, que carrega consigo tanto contradições quanto oportunidades. A forma como o evento será conduzido e a mensagem que será transmitida serão cruciais para determinar se a iniciativa contribuirá para o avanço da pauta da sustentabilidade na pecuária brasileira ou se reforçará a imagem de um setor resistente às mudanças necessárias para enfrentar os desafios climáticos.

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