“Se não fosse os indígenas, nós já não teríamos mais castanha”, alerta vendedor em Marabá

“Se não fosse os indígenas, nós já não teríamos mais castanha”, alerta vendedor em Marabá

Há 15 anos, o marabaense Luiz Gomes da Silva Neto, conhecido como Luiz da Castanha, mantém seu ponto na Avenida Nagib Mutran, onde vive da venda de castanha-do-pará. Testemunha das transformações ambientais na região, em tempos de COP 30, ele relata com preocupação o impacto da devastação das castanheiras e do uso indiscriminado de venenos nas pastagens.

Segundo Luiz, a situação se agravou nos últimos anos: “Complicou e muito. Primeiro são os drones jogando veneno nas pastagens, atingindo a floração das castanhas e expulsando os besouros, principalmente o mangangá, e as abelhas que fazem a polinização. A produção diminuiu uns 90%. Hoje não dá mais castanha como antigamente”, lamenta.

O vendedor explica que, atualmente, boa parte da castanha que chega ao comércio vem das áreas indígenas, onde ainda há preservação.

“Se não fosse eles, nós já não íamos mais comer castanha. São os únicos que ainda protegem a mata virgem”, afirma.

Luiz também alerta para os riscos ambientais causados pelos herbicidas aplicados por drones. “Esses venenos não prejudicam só a castanha. Afetam o açaí, o cupuaçu, tudo que é fruta da mata. O vento leva a poeira do veneno da pastagem para a floresta”, explica.

Com a escassez do produto, o preço subiu drasticamente.

“Hoje um litro de castanha descascada está custando 100 reais. Com casca, 30 reais. Há 30 anos, a gente comprava um saco por 10 reais. Agora é mil reais o mesmo saco”, compara.

Mesmo assim, a procura segue alta.“A castanha é muito boa de venda. Caro ou barato, vende. Principalmente descascada — descascou, vendeu”, resume.

O comerciante acredita que a solução está na consciência ambiental e no reflorestamento.

“Eu quero que as pessoas tomem consciência e vamos replantar todas as castanheiras que foram cortadas. Eu mesmo tenho mudas prontas para vender. Quem quiser comprar é só me procurar”, conclui.

Interessados podem entrar em contato com Luiz pelo telefone (94) 98417-0046.

 

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